Crianças que dormem com os pais: Quais as consequências?

Quando falamos em crianças que dormem com os pais existem mitos e crenças, mas também existem vários estudos identificando as interferências no desenvolvimento delas.

Quais seriam os efeitos sobre a sexualidade da criança se ela permanecer dormindo com os pais? Quais seriam os efeitos sobre a sexualidade dos pais onde a criança dorme com eles?

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Vamos pensar juntos: São as crianças que dormem com seus pais ou pais que dormem com as crianças?

A ideia aqui não é reforçar ou criticar e nem criar falsas culpas e problemas.

O foco é entendermos juntos(as) o que está mantendo esta criança na cama com os pais.

Sejamos flexíveis, ok? Mas lanço um questionamento:

As crianças se sentem seguras ou são os pais têm dificuldades de se desapegar?

Filhos que dormem com os pais

Primeiro vamos pensar em quais seriam as motivações.

Algumas hipóteses que fazem pais deixarem os filhos na mesma cama:

  • possibilidade de dar carinho e atenção sem restrições
  • preguiça de levar a criança para cama dela depois que dormiu com os pais
  • pena de deixar a criança dormir sozinha no quarto dela
  • ter passado o dia fora e ser o único momento juntos
  • dia de inverno, está tão quentinho para ela nesta cama

E ainda algumas defesas, onde se usa a criança para argumentar,

  • “não somos mais um casal, agora somos pais”
  • “não quero mais ter intimidade com meu marido(ou esposa) e a criança no nosso meio impede a aproximação”
  • “é nosso único momento com nosso filho”
  • “estou separada(o) e não custa deixar ela dormindo aqui na cama, tem espaço mesmo”.

Existem situações que facilitam sim o cuidado com a criança se ela estiver próxima aos pais, mas devem ser situações pontuais.

Criança dormir com os pais precisa ser em situações muito esporádicas, não deve ser um comportamento contínuo.

Por exemplo:

  • febre alta ou tosse que tem de ser controlada durante a noite
  • bebês e crianças que têm fatores de risco e precisam de cuidados especiais são uma realidade a ser pensada
  • situações onde a criança relata algum receio, algum sonho que teve, mas lembrando isto é uma fase, precisa solucionar o receio e não somente alimentar o fato dela dormir na cama dos pais

Estas situações influenciam, mas o importante é nos perguntarmos: Até quando a criança pode ficar na cama com os pais?

Para pensarmos em limites precisamos responder a duas perguntas: Quais seriam os efeitos no desenvolvimento da criança que dorme com os pais?

Quais seriam os efeitos na sexualidade do casal e como tudo isso repercute na intimidade do casal?

1) Quais os efeitos no desenvolvimento da criança que dorme com os pais?

Dificulta o desenvolvimento infantil, não deixando a criança passar saudavelmente pelas fases do desenvolvimento que precisa passar.

Não incentiva a autonomia da criança, isso tende a atrapalhar em diversos sentidos na vida adulta dela inclusive.

Dificulta o desenvolvimento escolar, onde o desenvolvimento na escola tende a ser afetado.

Impede que a criança entenda seus limites, inclusive entre o que ela pode o que o que não pode, o que é dela e o que é dos pais.

Não ensina a criança a ter um sono regulado e tranquilo, é outra possível consequência.

Atrapalha a compreensão de privacidade.

Não ajuda a criança a enfrentar seus próprios medos, fato limitado pelos próprios pais, ao estarem com frequência na mesma cama.

E o/a adolescente?

Adolescente na cama dos pais não é aconselhável. É a fase da vida que aflora a sexualidade, ele(a) já deve ter sua privacidade.

2) Quais os efeitos na sexualidade do casal e como tudo isso repercute na intimidade?

  • Atrasa ou impede a retomada da vida de casal
  • Dificulta o sexo e os momentos de intimidade
  • Impede que se fale sobre assuntos de sexo na cama
  • Prejudica o desejo sexual de um, de outro, ou dos dois do casal
  • Criança na cama/quarto do casal impede que eles tenham toques íntimos e que inclusive façam sexo
  • A criança na cama mantém a distância física e emocional entre o casal

Nascimento de filho(a) pode sim desencadear uma crise conjugal, principalmente se este casal já não estava tão bem.

Então prestem atenção aos seus sentimentos em relação a seu(sua)  companheiro(a), o que vem mudando e como poderia ser diferente.

Crises vêm também para fortalecer o vínculo do casal e não é uma criança no meio da relação quem vai solucionar e sim vocês dois, juntos(as).

Neste caso vocês podem precisar da ajuda de um(a) profissional capacitado(a) – psicoterapia individual, psicoterapia de casal ou terapia sexual, preferencialmente com psicólogos especialistas em sexualidade.

Algumas sugestões que podem auxiliar a família

Ensinar a criança a fazer a higiene do sono. Ou seja, se preparar para se acalmar e dormir bem. Nada de alimentação pesada, excesso de líquido, excesso de eletrônicos;

Ensinar a criança a dormir em seu próprio quarto desde bebê facilita criar o hábito;

Rotina. A criança ter horário de dormir e acordar ajuda ela a ir se preparando para se afastar dos pais.

Ter algo que fortaleça a criança a dormir sozinha. Por exemplo, paninhos, fotos, bonecas ou bichinhos de pano. Se optarem por luz, que seja bem pouca para não interferir na qualidade do sono.

É durante o dia que educamos a criança para autonomia, inclusive de sono. Como? Passando segurança para ela, reforçando bons comportamentos, ensinando sobre sentimentos.

É importante ensinar a criança a ter momentos sozinha.

Algumas sugestões que podem auxiliar o casal

Cuidar da rotina do casal, incluindo a sexual. Deixar a criança no quarto dela para ter momentos íntimos entre vocês é absolutamente saudável. A rotina na vida do casal é importante e bem-vinda, mas precisa de algumas surpresas e novidades para mobilizar as fantasias e desejos sexuais.

Ajustar sempre que necessário os acordos e projetos do casal. Ter filho(s) é um projeto que deve ser pensado, negociado e organizado diariamente os limites e tarefas dentro de casa.

Manter o carinho entre o casal, independente se será seguido de atividade sexual. Intimidade, beijos e abraços são sempre bem-vindos. Namoro é fundamental na vida do casal.

Manter a comunicação saudável é primordial. Conversar é sempre a melhor opção! Você já conversou com seu companheiro ou companheira sobre filhos na cama de você?

São muito mais dicas que temos para lhe passar. Aqui deixamos apenas algumas.

Fontes:

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Carolina Freitas

Carolina Freitas é psicóloga, Mestre em Psicologia, Psicopedagoga, Sexóloga, Especialista em Educação Sexual e Terapeuta Sexual com mais de 20 anos de experiência.


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