Não ter desejo sexual pode ser uma doença?

“Não tenho vontade nenhuma de fazer sexo”, “meu marido me procura, mas eu não tenho o menor tesão”, “não desejo mais a minha mulher”, “fico meses sem pensar em sexo”, “tenho preguiça de transar”, “meu marido não tem iniciativa nenhuma”.

Frases assim têm sido recorrentes nos meus atendimentos clínicos. Homens e mulheres chegam com a queixa de ausência ou baixa de desejo sexual.

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Pode ser sim disfunção sexual, como também pode ser “normal”. Perceba que o normal está entre aspas, pois eu particularmente a vejo como uma palavra perigosa de ser usada já que o seu oposto é anormal.

Então vamos refazer a pergunta: a falta ou ausência de desejo sexual é disfunção sexual ou problemas de relacionamento (amor, sexo e intimidade)?

Como o desejo sexual e a sua perda são diferentes para homens e mulheres, neste texto vou conversar sobre o desejo sexual feminino. O masculino será descrito em outro.

Independentemente de você ser homem ou mulher é bom você ler os dois, assim terá mais conhecimento. E vale lembrar que o conhecimento é um dos ingredientes para uma boa vida sexual.

Como anda o seu desejo pela vida?

Como anda seu desejo pela vida

Você faz o que tem de fazer no seu dia a dia? Acorda disposta a trabalhar? Tem disposição para estudar? Tem feito atividade física? E o seu lazer, como anda?

Tem se encontrado com as amigas e os amigos? Ter energia e disposição para a vida é desejo. E isto inclui o sexual, a vontade de transar.

Saiba que se você não estiver bem nas outras áreas da sua vida, a sexual também será abalada. Como? Doenças, lutos, depressões, problemas financeiros e profissionais interferem na saúde sexual.

Assim, somente podemos definir se há um problema no relacionamento que está interferindo no desejo ou se é uma disfunção sexual se tivermos claro como está seu desejo no geral. Pense nisto!

Leia também: 5 erros que destroem o desejo sexual do casal

O que é desejo sexual hipoativo?

Desejo sexual hipoativo

O desejo sexual baixo é uma disfunção sexual sem definição clara, pois existe por diversas razões. De hormonais a emocionais.

Segundo levantamento feito pelo Ambulatório de sexualidade de ginecologia da FMUSP, em 2013, a baixa libido é a queixa principal de 65% das mulheres. Sendo os fatores emocionais os campeões e a monotonia sexual a primeira razão.

Sendo, então, o desejo sexual hipoativo é a falta de interesse pela atividade sexual em si, a ausência de pensamentos e fantasias eróticos ou sexuais, resistir em iniciar qualquer atividade sexual, recusar os convites sexuais.

Continue lendo que mais abaixo vou explicar sobre a Terapia que faz o diagnóstico, trata e soluciona o desejo sexual hipoativo.

Cuidado com a forma de avaliar se está com baixo desejo sexual. Pois, mudanças de intensidade e quantidade de desejo sexual são inevitáveis no percurso da vida.

Relacionamentos, stress, fases do desenvolvimento humano, alterações hormonais, uso de medicamentos, tudo interfere no desejo. E, como nada permanece igual, o mesmo acontece com o desejo sexual.

Então, o que pode diminuir o meu desejo?

Alguns medicamentos e seus efeitos colaterais, doenças crônicas, desequilíbrios hormonais.

Dentre os medicamentos tem alguns antidepressivos que têm como efeito colateral diminuir a libido. Sendo a Bupropiona, segundo a farmacologia, a única a favor da saúde sexual, pois um dos seus efeitos colaterais é o aumento da libido.

Os anticoncepcionais também influenciam na vida sexual da mulher.

Para saber mais leia este post sobre pílulas anticoncepcionais.

Questões culturais e religiosas podem também influenciar no baixo desejo sexual.

Se você aprendeu que sexo é feio e pecaminoso dificilmente você terá interesse sexual. Traumas e coerções sexuais também contribuem de forma negativa na visão sobre a sexualidade.

O contexto interpessoal deve ser sempre levado em conta.

Como anda a vida a dois dentro e fora da cama é um termômetro da vida sexual.

A disfunção sexual do parceiro ou da parceira pode diminuir o seu desejo sexual.

Lembro aqui que o desejo sexual hipoativo não ocorre apenas com os/as heterossexuais, mas também com os/as homossexuais e bissexuais.

Hoje, a preocupação com a imagem corporal também é um fator que interfere na vida sexual.

Cuidado com o culto ao corpo. Cuide do que você tem e desfrute dele e com ele.

Leia também: O que é frigidez? O que pode estar causando isso?

A atual correria da mulher no dia a dia.

Estudar, trabalhar fora e dentro de casa, educar filhos e filhas, dar atenção ao marido (ou companheira), fazer atividade física, cuidar da alimentação da casa, dentre outras – faz com que você não destine alguns minutos do seu dia para pensar em sexo.

Sim, pensar em sexo. Se você não pensa, você não quer fazer. Se você não tem desejo, você não tem prazer.

Importante!

  • Você sentir menos desejo que o seu parceiro ou sua parceira não a torna imediatamente com baixa libido. Essa diferença pode ser ajustada na terapia de casal.
  • Outros transtornos, com ansiedade e depressão devem ser descartados do diagnóstico. São as comorbidades psiquiátricas. Ou seja, a questão sexual sofre interferência sendo consequência destes quadros.
  • Eventos na vida da mulher, como luto, gestação, parto, amamentação e algumas doenças não caracterizam disfunção.
  • A mulher gosta de intimidade, de sentir-se desejada/cobiçada. Os seus olhos atiçarão o desejo dela.
  • Mulher, amor e desejo sexual não são sinônimos!
  • Baixo desejo é diferente da Assexualidade

O diagnóstico de transtorno do desejo sexual hipoativo não se aplica à mulher assexual. Lembrando que a pessoa assexual é aquela que não tem desejo sexual, mas se relaciona afetivamente.

Leia mais em: Assexualidade, a falta de atração sexual

Quer aumentar o desejo sexual?

  • Entenda, aprecie e desfrute a sua própria sexualidade.
  • Permita-se!
  • Escreva sobre seus devaneios eróticos e suas fantasias sexuais
  • Invista no seu relacionamento. Saiba que sexo por obrigação é morte do desejo na certa.
  • Está num relacionamento longo, saia do óbvio. Seja criativa, faça diferente. Crie uma distância para desejar novamente.
  • É necessário cultivar o mistério (Assista o vídeo abaixo da Psicóloga Terapeuta Sexual Esther Perel).

Deixo aqui a sugestão de filme para assistirem juntos: Um divã para dois.

E, por fim, não existe uma receita específica nem um manual para se criar o desejo. Sexo é atitude! Não há um tratamento padrão, cada caso é único. E, não há uma medicação específica.

Depois de conhecer melhor sobre o desejo sexual, se ainda pode dizer que o seu está baixo ou se precisar reorganizar sua relação, procure por uma(um) psicólogo(a) especialista em sexualidade, ela(ele) poderá te ajudar. Veja como:

  • Na terapia você vai conhecer e explorar os sentimentos sensuais. Ou seja, a sua sensualidade.
  • A terapia te ajuda a encontrar o seu próprio nível de desejo.
  • A terapia vai ainda te ajudar a descobrir suas fontes de paixão e desejo.
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Carolina Freitas

Carolina Freitas é psicóloga, Mestre em Psicologia, Psicopedagoga, Sexóloga, Especialista em Educação Sexual e Terapeuta Sexual com mais de 20 anos de experiência.


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