Perda de urina durante a relação sexual

Se você chegou até aqui, é porque este assunto de alguma forma lhe chamou a atenção. Você já sofreu ou conhece alguém que sofre com incontinência urinária?

É provável que já tenha conhecido alguém que sofre com a perda de urina.

E claro, talvez a pessoa não te fale, mas eu te digo, incontinência urinária afeta diretamente o sexo.

De forma fácil vou lhe ajudar a identificar, você vai saber as consequências para o sexo e saber o que fazer para solucionar.

A qualidade do sexo afeta diretamente a vida de todos nós, a minha e a sua.

Quando estamos saudáveis, com um corpo saudável e um organismo equilibrado emocionalmente temos uma maior chance de ser feliz.

Com o aumento da expectativa de vida e diversos fatores de risco ao longo da vida, há um aumento do aparecimento de situações de incontinência urinária.

Você sabia que no Brasil entre 38 a 57% das mulheres sofrem com algum grau de incontinência urinária? (Dados da Sociedade Internacional de Continência.

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Alterações do assoalho pélvico podem acontecer por:

1) Aumento de pressão na barriga que empurra os órgãos pélvicos para baixo

  • Gravidez, fetos grandes ou gemelar
  • Obesidade (ou aumento súbito de peso)
  • Estresse repetitivo de pressão no abdômen, como tosse crônica, constipação
  • Exercícios físicos intensos e de alto impacto

2) Lesão de ligamentos, fáscias ou músculos do assoalho pélvico

  • Parto vaginal (normal ou fórcipe)
  • Fetos grandes
  • Trauma local (fratura de bacia por exemplo)

3) Deficiência de colágeno, causada por:

  • Menopausa (pela queda de hormônios)
  • Deficiência do colágeno congênita (geralmente pessoas que já tiveram hérnias têm maior probabilidade de ter deficiência de colágeno)
  • Tabagismo (contém substância que “quebram” o colágeno e aumentam a flacidez)

Sintomas da incontinência urinária

Sintomas de Incontinência Urinária

As mulheres com incontinência urinária podem sentir perda de urina durante esforços como: tossir, espirrar, dar risada, subir ou descer uma escada, carregar algo no colo, perda de urina no sexo ou até levantar da cadeira.

Outros sintomas, relacionados a perda de urina por bexiga hiperativa:

  • Urgência para urinar, vontade de ir ao banheiro toda hora
  • Depois que urinou tem a sensação que ainda tem urina lá dentro
  • Acordar a noite para fazer xixi

Segundo a fisioterapeuta pélvica Lilian Fiorelli os sintomas afetam muito a qualidade de vida da mulher. Algumas deixam de sair de casa com o medo da perda urinária e do odor de urina. É frequente precisar usar absorventes diários, trocar a calcinha várias vezes e até usar fraldas.

Perda de urina durante a relação sexual

Algumas mulheres reclamam também de perda de urina durante o ato sexual e começam inclusive a ter medo de ter relação.

Alguns sintomas durante, antes, ou depois do sexo frequentemente aparecem medo, vergonha, constrangimento e ansiedade para uma relação sabendo que pode acontecer.

Algumas mulheres evitam o sexo para não passar por isto e apresentam comportamentos antissociais para não se envolver com alguém e saber que se tiver sexo pode ocorrer tal situação.

Se isto estiver acontecendo com você ou com alguém que você conheça é importante diferenciar como desencadeou e o que desencadeou a perda urinária.

Perda de urina no ato sexual

Se a perda for durante o ato sexual, ao esforço, é possível que realmente seja algum defeito anatômico. 

Perda de urina durante ou após o orgasmo

Se a perda for durante ou após o orgasmo é possível que seja por contração do detrusor (o músculo da bexiga), neste caso é um dos sintomas da bexiga hiperativa.

Mas atenção, pode ser que não seja urina e sim ejaculação feminina. Neste caso a cor é mais transparente e não tem odor de urina.

Antes de qualquer coisa é preciso descartar a possibilidade de infecção urinária em todos os casos de incontinência urinária.

Por isso sempre busque o médico especialista, o uroginecologista. Perder urina não é normal.

Leia também: O que é Orgasmo? Como acontece?

Diagnóstico da incontinência urinária

O diagnóstico da incontinência urinária é clinico, ou seja, na sua consulta com o(a) seu(sua) médico(a) conte todos seus sintomas pois é a partir daí que é feito o diagnóstico.

Exame físico

O exame físico ajuda a definir outras possíveis causas ou doenças que podem estar associadas como prolapsos (bexiga caída, útero caído, intestino caído)

Diário miccional

O diário miccional também é um recurso fundamental no diagnóstico principalmente para descriminar o tipo de incontinência urinária.

Questionários específicos podem avaliar o grau de impacto na qualidade de vida.

Estudo urodinâmico

É um exame feito no laboratório em que são colocadas sondas na bexiga e no ânus para medir as pressões enquanto enche e esvazia a bexiga.

Ajuda a dar um diagnóstico mais preciso e a melhor forma de tratamento, principalmente se for indicação de cirurgia.

Tratamento da incontinência urinária

O tratamento da incontinência urinária pode ser realizado pela:

Reabilitação do assoalho pélvico com fisioterapia

Que varia de técnicas desde eletroestimulação, biofeedback (métodos que mostram em tempo real se a mulher está contraindo o músculo certo) que são técnicas para mulheres que têm dificuldade na percepção da musculatura ou força muito fraca.

Métodos de reeducação postural

Sua postura e a maneira como você move seu corpo no dia a dia diz muito se você contrai direito o assoalho pélvico.

Cones vaginais

Que são introduzidos na vagina, com pesos diferentes e funcionam como uma musculação.

Games

Games com aplicativos para você fazer em casa.

Dicas práticas para exercitar o assoalho pélvico em casa

Primeiro é fundamental que você contraia o músculo certo.

Coloque a mão sobre o genital e tente contrair o mesmo músculo que segura o xixi ou o cocô, sentiu contrair?

Não pode contrair nem abdome, nem coxa, nem glúteos. Se não conseguiu sentir tente colocar 1 dedo na vagina e tentar contrair de novo, sentiu contrair agora?

Sentiu a vagina dar uma “fechadinha”?

Se não conseguiu é porque o músculo está muito fraco ou porque você ainda não consegue perceber como contrair o músculo certo.

Neste caso busque um fisioterapeuta do assoalho pélvico. Se sentiu contrair, vamos começar o exercício.

Exercício para perda de urina

Deitada com as costas retas bem apoiadas e com as pernas dobradas:

  1. Contraia 1 segundo, relaxe 2 segundos, repita 15 vezes.
  2. Contraia 5 segundos, relaxe 10 segundos, repita 15 vezes.
  3. Repita este exercício ao acordar e antes de deitar
  4. Você pode também fazer este exercício a qualquer hora em qualquer lugar (no carro, na fila do supermercado, no cinema e até enquanto você lê este texto).

Fique tranquila, ninguém vai perceber que você está fazendo.

Se seu músculo não está contraindo direito NÃO é recomendado fazer esses exercícios sozinha em casa ou exercícios de impacto ou exercícios que contraiam o abdome.

Isso pode até piorar os sintomas de incontinência urinária.

Reabilitação do assoalho pélvico melhora a sexualidade

O mais interessante de tudo isso é que, como sabemos que são estes mesmos músculos do assoalho pélvico e do sexo, a reabilitação do assoalho pélvico melhora muito a sexualidade.

Melhora função muscular e portanto gera maior contato da vagina com o pênis com maior estímulo sexual para ambos, melhora vascularização local e consequentemente melhora lubrificação e estimula mais terminações nervosas, melhorando o prazer.

Além disso, permite a mulher o autoconhecimento corporal e postural que é fundamental para todas as fases do ato sexual.

Contudo, nem todas as mulheres melhoram 100% com essa técnica e muitas partem para outras alternativas como o uso de um pessário (dispositivo que fica na vagina que melhora prolapsos genitais que podem estar associados à incontinência urinária e pode conter um botão que comprime o colo vesical melhorando o fechamento da uretra) ou correção cirúrgica.

Também, pacientes com incontinência urinária mista com predomínio de sintomas de urgência se beneficiam de terapia com drogas além da própria fisioterapia.

Dentre as várias técnicas cirúrgicas descritas, o sling é um dos mais utilizados nos dias atuais.

É uma cirurgia minimamente invasiva, por via vaginal.

O sling é introduzido por uma agulha através de uma pequena incisão vaginal e é deixado uma faixa embaixo da uretra que serve de apoio.

Mas afinal, é possível melhorar a sexualidade com tudo isso?

Sim.

Em relação à função sexual, devido a melhora da incontinência urinária no sexo, qualquer dos tratamentos apresentados são bem vindos, mas como os exercícios de assoalho pélvico têm impacto direto na sexualidade são recomendados tais exercícios para qualquer mulher.

Você ou quem você conhece, pode realizar estes exercícios no pré-operatório, no pós-operatório e idealmente para sempre.

Aliás, deveria ser um exercício ensinado desde a puberdade não só para prevenção de doença, mas também para a promoção de saúde e autoconhecimento do próprio corpo.

Fontes:

Lilian Fiorelli Médica Uroginecologista
Lilian Fiorelli

Lilian Fiorelli é Médica Uroginecologista e especialista em Sexualidade Feminina. Ela é Mestre em Ginecologia, Membro e ex-coordenadora do Grupo Médico Assistencial do Assoalho Pélvico do Hospital Israelita Albert Einstein. Sócia Fundadora e Diretora Clínica da Clínica Alira.


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